Header

"Acima do Paulo, só 'Deus', ou seja, Victor Civita..."*


Os três primeiros anos foram fundamentais para a definição do estilo da nova publicação, que encontrou espaço no contexto sócio cultural de uma sociedade que começava a sentir o peso do regime militar e a questionar os costumes que teria que adquirir pela força. Entre os temas estavam o aborto, o Haiti, o rock’n’roll e outros pecados capitais e heresias. Os 250 mil exemplares do primeiro número da revista esgotaram em três dias. Em 1967, Realidade chegou a vender o dobro.

O motivo comumente apontado para o sucesso da Realidade era o estilo “grandes reportagens”, que se desdobrava em temas polêmicos ou cotidianos que surpreendiam. Texto primoroso dotado de narrativa e argumentação pautadas no social, o que a classe média instruída queria ler. Para J.S. Faro, foi uma revista que correspondeu com os conceitos otimista de Cremilda Medina sobre a função social da reportagem.**

Ao estilo do texto, eram creditadas influências do new journalism, que geram discordâncias e que o mesmo J.S Faro chama de “código discursivo inovador”. Nenhuma descrição por mais minuciosa que fosse, daria conta daquele texto...


* Frase de Myltainho, repórter da fase auréa da revista, que define o dia-a-dia de Realidade.
** “reportagem é a forma de maior aprofundamento possível da informação social e, por outro lado, é aquela que responde melhor às aspirações de uma democracia contemporânea, com toda a plenitude até mesmo da utopia, o socialismo, ou dentro da modernização capitalista. Pois é justamente a pluralidade de vozes e a pluralidade de significados sobre o imediato e o real que fazem com que a reportagem se torne um instrumento de expansão e instrumentação plena da democracia, uma vez que a democracia é polifônica e polissêmica”

0 comentários: